O circo
O circo já está armado. Mas é um circo sem diversão. Antes, é o circo dos espertos. Os principais personagens do circo já estão tomando seus lugares. Daqui a pouco, um dos donos do circo de sempre virá até o picadeiro e dirá: “Respeitável público, vai começar o espetáculo!”. E quase todos vão aplaudir. Os palhaços, não. Os palhaços que ainda pensam ficarão mais tristes. Mais quietos. Apenas observarão. Eu conheço um palhaço que se chama Álvaro, que costuma marcar zero na maquininha do circo. Marca zero e confirma. É a única maneira que ele encontrou para se defender. O circo é cheio de manobras. É, na verdade, um circo de horrores, onde vale tudo. Vale especialmente a mentira. Quando a gente se desencanta com as coisas é difícil prosseguir. Em política não acredito em ninguém, nem me interessa. Só para dar a idéia do circo deste ano. Vejam bem, isto é sério: O PR poderá lançar o nome de Tiririca como candidato a Prefeitura de São Paulo. Com todo respeito que merece o cidadão Tiririca, não dá para suportar tanto deboche. Como deboche, confesso que até gostei da candidatura dele a deputado federal. Foi eleito pelo deboche do povo. Acho que o povo tem o direito de debochar. O povo tem de debochar mesmo. Mas a coisa foi longe demais. Tiririca hoje faz até parte da Comissão de Cultura e Educação da Câmara. Mas num país que não tem ministro da Cultura há dez anos está tudo correto. No entanto, agora é demais. O Tiririca poderá ser candidato a prefeito, por conta do PR. Está certo, qualquer cidadão pode ser candidato. Mas irresponsabilidade tem limite. O PR está zombando da inteligência das pessoas usando a figura de alguém que nem sabe ao certo o que é o Congresso Nacional. Eu me sinto cada vez mais um verdadeiro palhaço e me perdoem os palhaços pela comparação. Essa é a política brasileira. E eles falam sério. Assumem uma seriedade que causa náuseas. O circo está armado. Com deboche ou sem deboche, a cidade de São Paulo vai continuar a mesma. Esse beco sem saída. Uma cidade completamente esquecida, suja, insegura. O atual dono do circo só faz manobra política, a cidade está em décimo plano. Quando o desencantamento é sério é difícil seguir em frente. O povo tem de dar o troco. O circo está armado. Isso é próprio de um país que, em um ano, sete ministros foram afastados acusados de corrupção. Os personagens estão quase todos vestidos a caráter. E a platéia está chegando. “Respeitável público, o espetáculo vai começar!”. Como sempre, a maior parte vai aplaudir. Quero de novo lembrar do palhaço chamado Álvaro, que marca zero na maquininha do circo e confirma. Ele sonha que ainda vai ver o circo pegar fogo.
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